Dia Internacional das Línguas de Sinais
- Melissa Martins
- 23 de set. de 2020
- 3 min de leitura
No dia 23 de setembro é comemorado o Dia Internacional das Línguas de Sinais, um marco importante de uma luta de anos. Por essa e por causa de outras datas tão significativas que o Setembro Azul é o mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira (surdos que usam a Libras, surdos oralizados, surdos que ouvem, surdos com implante coclear, surdos que usam aparelho auditivo), uma ação que traz conscientização e homenagens a essa população tão plural dentro da sua própria diversidade.
A data de hoje, foi instituída pela ONU há dois anos, depois de um amplo debate e marca o aniversário de criação da Federação Mundial dos Surdos, Ong presente em mais de 100 países. Esta data significa o nascimento de uma organização em defesa dos direitos, cujo objetivo é a preservação da língua de sinais, da cultura das pessoas surdas e, principalmente, o respeito e a promoção do conhecimento e uso da língua de sinais.
O principal objetivo dessas datas comemorativas é propor a reflexão e o debate a respeito dos direitos e da luta pela inclusão das pessoas surdas na sociedade. No Brasil, a Lei nº 10.436/2002 foi um marco importante para a comunidade surda brasileira, ao reconhecer a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão e determinar o apoio na sua difusão e uso pelo poder público. Os surdos constituem 3,2% da população, ou seja, aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros.
Na comunicação por Libras é utilizada a 'datilologia' - um sistema de representação simbólica das letras do alfabeto, soletradas com as mãos. Nessa língua existem sinais para quase todas as palavras conhecidas. Para a execução dos sinais, usa-se o movimento das mãos, além das expressões facial e corporal, quando necessário.
Você sabia que a língua de sinais não é universal, sendo diferente de um país para outro e muitas vezes de uma cidade para outra, pois sofre variações de acordo com as peculiaridades regionais? Pois é, muitas pessoas pensam que a língua de sinais, em todo o mundo, é igual. Além disso, os surdos sentem as mesmas dificuldades que os ouvintes quando necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua diferente. Por isso, cada país tem a sua própria língua gestual. Por exemplo, no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e em Portugal existe a Língua Gestual Portuguesa (LGP).
Da mesma forma que acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações linguísticas dentro da própria Língua de Sinais, que se podem considerar regionalismos e/ou dialetos. Essas variações se devem a culturas diferentes e influências diversas no sistema de ensino do país, por exemplo. Há até mesmo uma língua de sinais universal, análoga ao Esperanto, conhecida como Gestuno, que é usada em convenções e competições internacionais.
Não se sabe quando as línguas de sinais se iniciaram, mas sua origem remonta possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo desenvolvidas as línguas orais. Uma pista interessante para esta possibilidade da língua de sinais ter se desenvolvido primeiro que as línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a coordenação motora dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho fonoarticulatório. A língua de sinais é uma criação espontânea do ser humano e se aprimora exatamente da mesma forma que as línguas orais. Nenhuma língua é superior ou inferior a outra, cada língua se desenvolve e expande na medida da necessidade de seus usuários. Isso é a diversidade linguística! A pluralidade do ser humano!
Também é comum aos ouvintes pressupor que a língua de sinais, seja a versão sinalizada das línguas orais; por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a versão sinalizada do português; que a Língua Americana de Sinais é a versão sinalizada do inglês; que a Língua Japonesa de Sinais é a versão sinalizada do japonês; e assim por diante. No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comum entre as línguas de sinais, devido a um certo contágio linguístico, as línguas de sinais são autónomas, não derivando das orais e possuindo peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais.
Fontes: Espaço Aberto: Revista Eletrônica da USP, n. 141, ago. 2012
Federação Mundial dos Surdos
Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da UFRGS
Secretaria de Educação de Praia Grande (SP)
Surdo Cidadão
Movimento Web para Todos
#pracegover #pratodosverem #textoalternativo post com fundo azul claro com os seguintes dizeres, ao centro, 23 de setembro, Dia Internacional das Línguas de Sinais - Instituída pela ONU.
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