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Desafios da Educação Inclusiva em tempos do Covid-19

  • Foto do escritor: Melissa Martins
    Melissa Martins
  • 30 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 14 de jun. de 2020


A Educação Inclusiva pode ser entendida como uma concepção de ensino cujo objetivo é garantir o direito de todos à educação, sendo a base da sociedade. Ela nada mais é do que a consequência natural de uma escola de qualidade para todos, garantida no artigo 205 da Constituição Federal, de 1988: "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

A inclusão prevê a equidade de oportunidades para que todos sejam capazes de alcançar os objetivos propostos a seu tempo e sua maneira, já que isto não acontece de forma efetiva dentro do ambiente escolar, foi necessário implementar a Educação Inclusiva, com toda uma legislação específica, mas ainda sem grandes ganhos no que tange à escolaridade, pois precisa criar sentidos, abrir possibilidades, permitir a participação e estar conectada com a realidade, consistindo em um sistema educacional que procura aliar a educação regular com a educação especial, ou seja, promove a inserção de crianças com algum tipo de deficiência no ambiente de escola convencional.

Ainda existe um abismo enorme entre o que nós entendemos que seriam as reais práticas, mais individualizadas, e o que realmente acontece no meio escolar. Existe, também, uma certa ansiedade e angústia por parte da família, o que reforça a necessidade de fortalecer a relação entre escolas e familiares, de forma acolhedora, por ambos os lados.

No cotidiano escolar, em tempos comuns, embora pareça algo simples, ofertar as condições necessárias para fazer funcionar um projeto didático baseado nos princípios da educação inclusiva é um desafio para os gestores. Agora, se já não era fácil a implementação do projeto da Educação Inclusiva, imaginem nestes nossos tempos de pandemia por conta do COVID-19?


Alguns itens, que já eram desafios, em tempos comuns, agora tornaram-se verdadeiros abismos, como por exemplo:


· a infraestrutura (antes, eliminar as barreiras arquitetônicas, fazendo adaptações no espaço físico e introduzindo recursos e tecnologias assistivas. E hoje, como está a infraestrutura nas casas? Todos possuem acessibilidade tecnológica?);


· professores sem formação especializada (a transformação de uma instituição de ensino em uma “escola inclusiva” exige educadores preparados para atender às necessidades do ensino inclusivo. Porém, nem antes e nem agora, durante a pandemia, os professores não recebem formação adequada, qualificada. Além de apresentarem desconhecimento das tecnologias assistivas, essenciais nestes tempos de ensino remoto. Sem ter o conhecimento adequado, como elaborar uma proposta inclusiva?).

Então, como adaptar a “nova escola on-line” na perspectiva da educação inclusiva? Por onde começar? O que realmente podemos fazer?

Não existe uma receita, pois há de se conhecer o estudante em questão para ser mais assertivo possível. Mas existem algumas orientações básicas para o educador que transcendem o presencial e o virtual, que fazem parte de um planejamento inclusivo, como os alinhamentos de currículo funcional e metodologias adaptadas.

· Nas questões com estudantes com superdotação/altas habilidades: chamar o estudante para participar da aula, solicitar suas respostas (podem vir com uma explicação incomum, peçam para que expliquem o raciocínio aos demais colegas); organizar plantões de dúvidas e grupos de estudo para que eles possam auxiliar os colegas nas tarefas; adaptar atividades extras visando desenvolver suas potencialidades; solicitar tarefas extras complementares (quando necessário).


· Nos casos de dificuldade de aprendizagem, deficiência intelectual e alguns transtornos: chamar o estudante para participar da aula, solicitar suas respostas; dar explicações essenciais de forma simplificada, utilizar imagens; metodologias ativas; objetos concretos para demonstração dos conteúdos; organizar plantões de dúvidas e grupos de estudo; adaptar atividades extras utilizando hiper foco; solicitar tarefas extras direcionadas ao funcional (quando necessário) e, ao final de cada aula/ semana, envie um fichamento com os conteúdos principais a serem compreendidos e revisados (pode ser feito por meio da anotação de outro estudante. Esta partilha entre os colegas é de suma importância, pois além de gerar empatia, auxilia a ambos no processo de ensino-aprendizagem).


· Quando se tratar de estudante com deficiência auditiva: será essencial a presença do intérprete de Libras, caso o conteúdo seja passado ao vivo, ou orientar que o intérprete traduza os vídeos de aulas, quando gravada. Existem tradutores, de textos para Libras, como por exemplo o Hand Talk, que podem ser usados de forma efetiva.


· Em situações que houver estudante com deficiência visual: utilizar recursos musicais, narrar todos os detalhes da aula (incluindo apresentação de slides e imagens - audiodescrição) e garantir, junto à família, que o estudante esteja com os materiais adaptados para utilização (Braille, redutores de luminosidade e os outros recursos necessários). A acessibilidade no leitor de textos na tela é essencial, bem como os ampliadores de tela.


· Se o estudante tiver deficiência física: orientar a família a respeito da organização do espaço adequado para a realização de tarefas, para assistir às aulas (lembrar-se que a regulação do corpo ao espaço é essencial para manutenção de foco nos estudos), visando a disponibilização de ângulo acessível para visualização das aulas em aparelhos eletrônicos e mantendo todos os materiais necessários ao alcance do estudante.

Em todos os casos de necessidade, considerar um tempo maior para resposta, quando a interação for solicitada, e o apoio familiar nas interações, nos casos em que a mobilidade for mais reduzida, precisar utilizar Libras ou Braille, ou precisar de um tempo estendido para realização das atividades (tanto para deficiências quanto para transtornos de aprendizagem).


Sei bem que pode parecer bem difícil de implementar, mas é de suma importância que os profissionais da educação voltem as suas atenções para as pessoas que possuem mais necessidade e que procurem se especializar para atendê-las da melhor forma possível!

E como muito me ensinou Lau Patrón, uma referência que costumo ler e reler para ter a visão da Educação Inclusiva na perspectiva familiar.


"Inclusão não é um favor, é um processo de melhora do mundo para todos. Inclusão não precisa ser algo complicado. Pode ser mais simples do que a gente imagina”.


Para quem não a conhece, ela é mãe atípica de um lindo menino, João (Leãozinho) com uma doença rara, a SHUa (Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica), ativista, escritora, profissional da Inclusão, uma mulher que dribla preconceitos e valoriza cada pequena vitória, sem ser uma heroína, tema que ela costuma abordar, frequentemente, em suas redes sociais.

Em 2018, Lau Patrón, lançou um livro, um diário intenso e sincero dos 71 dias que Lau, literalmente, morou no hospital, muitos ao lado de seu filho em coma em um box de UTI, entre a vida e a morte. Um livro a respeito de coragem, de sopro de vida, de amor, de angústia, de medo, assim nasceu 71 Leões, da Editora Bela-Letras.

Para quem quiser conhecer um pouquinho mais a respeito da Lau Patrón, não deixe de assistir ao vídeo TEDxUnisinos, no Youtube.


A solidão das mães especiais - seja rede, seja aldeia





#PraCegoVer #PraTodosVerem Arte com desenho todo em preto com fundo branco liso. São 5 pessoas sem fisionomia, apenas o contorno do corpo e dos objetos. Estão em posições distintas, sendo que uma está sentada ao chão, uma está de pé e usa boné, outra está numa cadeira de rodas, uma delas é adolescente, está de pé e usa tranças no cabelo e a última é uma criança está de pé, com as mãos na cintura, usando meião e com uma bola de futebol no chão, a frente.

 
 
 

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